sábado, 4 de maio de 2013

Please like me!

    Há muito tempo, escrever costumava ser um hábito para mim. Escrevia todos os dias, sem restrição, presa no meu próprio mundo de histórias sem um enredo profundo. Então, decidi que ganhar dinheiro não era tão importante assim e mergulhei de cabeça na faculdade de Letras. Talvez ensinar guris de Ensino Médio a apreciar poesia não seja a coisa mais valorizada nesse mundo (nem a mais fácil), mas ler e escrever era uma obsessão tão grande na minha vida... Parecia inadequado, um absurdo, não ingressar no curso de Letras.
    Tudo bem, 2013, cidade nova, faculdade, 1º bimestre, prova de Linguística, análise de João Cabral de Melo Neto... E quando a minha professora falou pra gente não ter medo de largar o curso se não estiver gostando, tive a certeza de querer fazer isso o resto da vida. Porém... Existem dias. Existem dias! Ah, meu Deus. Dias em que você só quer jogar tudo pro alto, não quer estudar, que se foda a prova de Latim segunda-feira. E você achava Latim tão fascinante no começo!
   Latim ainda é fascinante, você sabe disso, mas hoje não. Hoje é um daqueles dias em que nada é bom, nenhuma companhia é aceitável, toda risada é irritante, nenhum seriado é bom o suficiente pra distrair. A internet é muito lerda. Tudo é uma merda. E ainda tem aquela amiga boa demais que não te deixa em paz. "Ta tudo bem? Por que ta tão quietinha? Fala comigo. Desabafa."
   Eu odeio desabafar. Desabafar é para os fracos. (Eu criei um blogspot, calado). Minha professora nos deu a dica de criar um blog. De estar sempre escrevendo, não interessa o que, não interessa se é bom ou ruim, se é poesia ou chit chat. "Escrevam", ela disse. Toda hippie, sem sutiã, usando tomara que caia. "Escrever é prática, galera. Vocês estão num curso de Letras. Vão escrever!" Sem preguiça.

   Uma curiosidade sobre o nome do blog: Mandriice significa Preguiça. (Na nossa belíssima língua portuguesa mesmo).

   Ta foda. Ficar longe da família é difícil (não tão difícil). É complicado em dias como esse. Mas, no geral, é bom. Porque você faz o que quiser, na hora que quiser. Não precisa lavar uma louça gigantesca, em que você só sujou um prato e dois talheres. E quando você volta pra casa, no feriado de 4 dias, só pra visitar, no segundo dia você já quer voltar. É um saco, tem muita gente, todo mundo fala alto, só sabem reclamar de dinheiro. Porém, em dias como esse, é tudo o que você mais deseja. Abraçada com a mãe, ouvir ela reclamar sobre dinheiro. Fechar os olhos e abraçar a mãe, porque um ponto negativo de mudar de cidade, é não poder abraçar pra fechar os olhos.
   Existem diversos tipos de abraços, sabe? Numa cidade nova, você abraça os novos colegas, rapidinho ou apertado, não importa, tudo é novo. Tudo tem cheiro estranho ainda. (Estranho no sentido de fora do seu comum). E você só fecha os olhos quando o abraço inspira confiança. Você fecha os olhos abraçando sua mãe, porque já conhece o cheiro e os braços dela, e a voz e o toque. Não dá pra fechar os olhos abraçando os novos colegas. Não tem intimidade ainda... E faz falta. Intimidade, eu digo.

   Enfim. Tenho que estudar. Tenho que ler um milhão de textos, preparar um seminário e estudar pra bendita prova de Latim segunda-feira. Mas é sábado a noite, e eu fiquei em casa assistindo "Please like me" - depois de muito tempo procurando os episódios na internet (e só achei sem legendas), o episódio mais recente travou - a última coisa que eu quero é estudar.
   Quero ouvir Los Hermanos. Tomar um vinho. E lembrar do abraço de olhos fechados da mamãe.


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